Boas Práticas para Perfuração e Desmonte – Parte I: Preparação de Bancadas
Em mais de doze anos de trabalho como engenheiro de perfuração e desmonte, aprendi ótimas práticas de trabalho em campo e testemunhei tantas outras questionáveis, as quais acredito que não devem ser difundidas na mineração a céu aberto. Com alguns procedimentos conscientes, todos podemos fazer o possível para manter a segurança como uma prioridade e a eficiência como um objetivo. Esta é uma série de Boas Práticas de Perfuração e Desmonte que detalhará partes dos procedimentos operacionais que muitas pessoas tendem a negligenciar nos dias de hoje.
Introdução – Perfuração e Desmonte
As atividades de perfuração e desmonte são críticas para as operações mineiras. A segurança de uma detonação, a qualidade da fragmentação do material, as condições das estradas e a estabilidade dos taludes dependem fortemente da execução adequada desses trabalhos. A própria perfuração pode ser tratada como uma atividade composta de várias etapas e começa muito antes de a perfuratriz chegar à bancada. O plano de fogo deve seguir os projetos de perfuração, carregamento e temporização. Todas essas atividades dependem umas das outras e, portanto, devem ser planejadas e realizadas como um único processo.
Preparação da Bancada: Evite Perigos Facilmente
Uma das primeiras etapas de um fluxo de trabalho otimizado de perfuração e desmonte é a preparação da bancada. Além de proporcionar ótimos resultados de detonação, isso também se reflete especialmente na segurança, que deve ser uma prática prioritária na mente de todos os engenheiros de desmonte. Estabelecer um ambiente de trabalho seguro é responsabilidade de todos.

Uma boa reunião diária de segurança entre engenheiros, supervisores, topógrafos, operadores de perfuratrizes e auxiliares de campo é fundamental para garantir que todos tenham consciência da situação vigente. Todos devem ser ativamente incentivados a identificar perigos e discutir medidas de segurança para mitigá-los com sucesso.
Os perigos associados ao desmonte não começam apenas quando explosivos chegam nas bancadas. Vários riscos podem ser evitados com algumas simples etapas:
- Embora não afete os resultados das detonações, a remoção de fragmentos soltos existentes na crista ou perto das bocas dos furos, por exemplo, pode evitar o lançamento de fragmentos devido a eventuais ejeções de gás. Esses fragmentos podem causar perdas e danos aos funcionários, especialmente durante um turno noturno de perfuração.
- A demarcação adequada – com barreiras físicas – de limites de bancadas, acessos a estradas, locais de estacionamento e de manobras, além de outras áreas potencialmente perigosas também ajuda a minimizar os riscos associados aos processos de perfuração e desmonte.
- O levantamento topográfico da bancada e a digitalização de faces irregulares (quando disponível) são atividades frequentemente tratadas com menos relevância ou mesmo completamente descartadas. No entanto, quando se trata de resultados de desmonte, seu crédito pela qualidade do processo é maior do que parece. Essas atividades são diretamente responsáveis pela formação de um banco de dados da bancada; informações usadas como base para o desenvolvimento do projeto de perfuração e desmonte.
A segurança e a qualidade de um processo de perfuração e desmonte é o resultado de uma série de etapas bem executadas, as quais eu preferiria chamar de ‘procedimentos’. Um procedimento é um conjunto de atividades obrigatórias a serem executadas todas as vezes, independentemente de variáveis como tamanho do desmonte, posição do banco ou necessidade de execução rápida da operação. Ouvi pessoas dizerem coisas semelhantes a: “Não precisamos nos preocupar com segurança nessa detonação, ela é pequena.”
Entretanto, este poderia muito bem ser o primeiro elo da cadeia que infelizmente levaria a um acidente. A preparação da bancada é um procedimento geralmente ignorado. No entanto, é uma questão pertinente a ser abordada e uma prática essencial a ser adotada. Os resultados virão.